Miguel Barcelos, jornalista nascido nos Açores no ano da Revoluçao de Abril, le num jornal a notícia do assassinato de um velho amigo. Decidido a investigar o sucedido, parte para os Açores. A viagem no espaço é também uma viagem no tempo: um longo percurso de confrontaçao interior. Entre a recordaçao das relaçoes entre ele e o morto e as divagaçoes sobre si próprio, Miguel confronta Açores e Lisboa, a cidade onde vive na convicçao de que triunfou. Mas outras questoes se interpoem. Amor, relaçoes sociais, pedofilia, o fim do milénio, a revoluçao, o futebol, a economia e até mesmo a fúria dos elementos naturais - tudo se mistura, abalando profundamente as convicçoes do protagonista. No fim, Miguel opta pelo cómodo caminho da ignorância. A semelhança do terceiro servo da parábola bíblica, prefere fechar os olhos ao desafio que a vida lhe lançou em nome de uma estabilidade falsa, mas imediata. Afinal, o jornalismo é o máximo a que pode ambicionar, o que já por si implica a soma possível de toda a sabedoria e de toda a ignorância do mundo - e sobretudo uma visao desdenhosa sobre o lado superficial das coisas, num impulso de síntese enganador, mas assumido. CRÍTICAS DE IMPRENSA «Saúde-se a opçao pelas formas narrativas complexas e por uma linguagem elaborada, numa época em que a linearidade, narrativa e expressional, veio dando tao persuasivos resultados. E o facto é que esta história resultou espertamente urdida e que a expressao ganhou nela, nao raro, um excelente ritmo.» Fernando Venâncio, Expresso «Um romance fantástico passado nos Açores e que brilha pela construçao do personagem principal, pela capacidade de fazer da memória (da adolescencia e primeira juventude) um material literário fulgurante e fascinante.» Francisco José Viegas, Record «Uma magnífica peça que recorre as técnicas descritivas do melhor jornalismo (a ocupaçao do autor no dia-a-dia) e nos envolve no mistério da morte de um homem em Angra do Heroísmo. A estrutura da história é exemplar, o portugues imaginativo e denso de alegorias, o ritmo bem conseguido. (...) Uma técnica narrativa hábil faz com que a obra ?cheire a enxofre, levando o leitor a viver com o narrador as desconcertantes investigaçoes sobre o assassinato social de Herculano Cota.» Jorge Morais, Tal&Qual «Um romance de uma agilidade rara, quer no ritmo da escrita quer na sua montagem - subtil, inteligente, complexa.» António Tavares-Telles, O Jogo
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